terça-feira, 23 de outubro de 2018

Não confie em celulares, diz manchete


Celulares erram de novo e entram em horário de verão antes da hora
(Tec Mundo, 21 de outubro de 2018).

Foto/Site:Tecmundo.com.br.
Em "celulares erram" nos apresenta algo que acontece no tempo presente o verbo "erram" vem do infinitivo “errar”, mas é inserido na oração no plural para mostrar ao leitor que muitos celulares erraram, isso traz pouca credibilidade para os celulares. A preposição "de" + o adjetivo "novo" nos mostra um acontecimento já ocorrido antes instigando o leitor a curiosidade de entender o porquê de os celulares "falharem" mais uma vez, "entram" também reforça a ideia de agora, e na conclusão da oração temos "antes da hora" que apresenta um acontecimento não desejado, ou não programado.
Chegou adiantado? Usuários reclamam que relógio do celular mudou sozinho
(Tecnologia Uol, 15 de outubro de 2018).
A manchete acima, diferente da anterior começa com uma pergunta, gerando uma interação manchete/leitor, o verbo "chegou" acontece no tempo do pretérito perfeito, que indica uma ação do passado que permanece até o momento. Além disso, fazer uma pergunta na manchete indica que a resposta está no artigo a ser lido.


Como acontece uma estimativa de número em manchetes?

Trem atropela multidão na Índia e deixa pelo menos cinquenta mortos
(Veja, 19 de outubro de 2018).

Foto: Narinder Nanu/AFP.
Em "trem atropela" acontece no tempo presente, dando a ideia de que recentemente aconteceu. O substantivo "multidão" tem a definição de grande número ou ajuntamento de pessoas ou coisas, elevando o grau de importância da manchete, pois não foi apenas uma coisa a ser atropelada, mas o trem conseguiu atingir uma grande quantidade de coisas (que podem ser mortas) no local. Em, "e deixa" pressupõe o efeito (morte) que o trem causou. O uso da locução adverbial “pelo menos” indica que foi no mínimo cinquenta mortos. E, ao dar uma estimativa de "pelo menos cinquenta mortos", sugere o número de coisas deixadas mortas usando o número cardinal cinquenta.
Trem atropela multidão na Índia e mata dezenas

(O Globo, 19 de outubro de 2018).
Ao contrário da manchete anterior esta não diz um número aproximado de seres atingidos pelo trem, faz uso do substantivo “multidão” que significa grande quantidade de algo, porém, não sabemos se são homens, mulheres, ratos, pombos ou margaridas, já que não está especificado na manchete. A seguir, a conjunção aditiva “e” liga a oração de forma subordinada, visto que, a segunda oração não teria sentido se viesse antes da primeira. O verbo “mata” no presente indica uma ação feita agora, e traz uma sonoridade aberta que traz mais impacto ao leitor, pois a voga oral temática –a é produzida somente com o ar que saí da boca. Por último, o advérbio “dezenas” supõe que morreram um grupo de 10 coisas, que o leitor não sabe, se não ler a matéria.

Substantivo negativo e conjunção alternativa: deixam leitor curioso



"Nem todo eleitor de Bolsonaro é 'fascista', racista e machista"
(Carta capital, 19/10/2018).
Foto: Ricardo Stuckert.
A manchete acima apresenta uma fala de Guilherme Boulos do PSOL em uma entrevista para a revista "Carta Capital". Sua fala ganha destaque na manchete levando o leitor desde o primeiro momento a ter interesse pela leitura, já que a manchete traz substantivos negativos, e também, porque Boulos é de um partido oposto à Bolsonaro. Em "nem todo eleitor é", o verbo "ser" acontece no tempo presente “é” e a frase por completo exprime negação que nos faz entender que "nem todos", ou "em exceção de alguns" ou "não é a maioria" que tem essas características, destacadas pelos substantivos "fascista, racista e machista", trazendo a ideia de que normalmente pessoas com esse perfil votariam nele. Leva o leitor a refletir o porquê pessoas que não se encaixam nos substantivos acima votariam no Bolsonaro, dessa forma, a matéria estará à disposição para mostrar quem são essas pessoas. 
Afinal, Jair Bolsonaro é ou não é fascista?
(Folha de São Paulo, 21 de outubro de 2018).
A matéria do jornal Folha de São Paulo traz como manchete o questionamento que se refere a Jair Bolsonaro: seria ele fascista ou não? Leva o leitor a querer saber a veracidade desse substantivo empregado a ele. O advérbio "afinal" é sinônimo de enfim, finalmente ou por fim (chegou a hora de saber a verdade). O verbo “ser” visto nas demais manchetes, acontece no tempo presente trazendo a sensação de agora. E, por fim, a conjunção “ou” alterna os opostos “se é (sim) ” e “não é” e também traz à tona a incerteza.

Advérbio "mais" e verbo "ser" usados para efeito de intensidade e curiosidade em manchete


Melania Trump diz que deve ser a pessoa que 'mais sofre bullying' no mundo
 (G1 Globo, 11 de outubro de 2018).

Foto: Reuters/Carlo Allegri.
Na manchete acima Melania Trump diz que deve ser a pessoa que "mais sobre bullying" no mundo. O verbo "diz" é sinônimo de expor, manifestar ou simplesmente proferir uma opinião. E no verbo "deve" mostra a expressão da ideia de talvez ser, ou pode ser uma pessoa detestada por muitos, mas o fim da manchete reforça ainda mais essa ideia como, por exemplo no trecho: "mais sofre bullying no mundo”. O advérbio "mais" pode ser o designativo de aumento, grandeza ou comparação, muitas pessoas ao nosso redor sofrem bullying, mas ao afirmar que ela deve ser a que “mais” sofre leva o leitor a se questionar o porquê entre todos, ela é o alvo de tantas críticas. E, o substantivo "mundo" nos apresenta um grau ainda mais grave da situação, levando ao leitor a se questionar se de fato no mundo inteiro ela seria a mais odiada e só se descobre se sim ou não ao ler toda a matéria, concluindo assim, a intenção de quem criou a manchete.
Melania Trump diz ser a pessoa que mais sofre bullying no mundo
 (Folha de São Paulo, 11 de outubro de 2018).
A manchete acima tem o mesmo conteúdo da primeira sobre Melania Trump, mas nos apresenta um outro sentido ao ler, pois pequenas mudanças na construção da frase que poderiam até passar desapercebido nos traz um olhar diferente. Na primeira manchete Melania diz "que deve ser" a pessoa que mais sofre bullying no mundo, nessa manchete ela diz "ser" a pessoa que mais sofre, o verbo "ser" nos remete a uma condição ou circunstância determinada, uma afirmação ou conclusão. Se na primeira manchete havia um sentido de dúvida ou simplesmente um desabafo, nessa segunda encontramos uma confirmação da parte de Melania, instigando mais uma vez o leitor de querer entender o porquê de tal afirmação.

Hiperonímia e hiponímia e seus efeitos em uma machete


EMPRESAS BANCAM CAMPANHA ILEGAL CONTRA FERNANDO HADDAD PELO WHATSAPP
(Olhar digital, 18 de outubro de 2018).

O verbo “bancar” pode significar tomar ares de fingir, exemplo: ele bancou o bobo. Como também podem pode significar bancar o jogo, ou seja, financiar ou pagar algo. Logo, tem como sinônimos as palavras: financiar, custear, pagar, assemelhar e fingir. Nenhuma dessas palavras traz um significado vantajoso para as “empresas”, dessa forma as empresas são o alvo que o jornal quer atingir ou deixar em destaque através da negatividade do verbo “bancar”. O substantivo “empresa” é hiperônimo e, por isso, abrange um grupo de todos que fazem parte da empresa: empresários, contadores, auxiliar de limpeza, etc. Adiante, temos o adjetivo “ilegal” que tem o prefixo “i-” que traz à palavra o sentido de negação ou privação. Por fim, temos o advérbio “contra” que também traz um sentido negativo. E, quando “contra” é usado como preposição também traz sentido de oposição.

Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp


(Folha de São Paulo, 18 de outubro de 2018).


Ao contrário da manchete anterior, esta não traz uma negatividade para as empresas, e, sim, para os empresários. O substantivo “empresários” é hipônimo, pois, abrange apenas um grupo específico de pessoas que têm como diferencial uma profissão privilegiada de grande poder. Dessa forma, percebemos que o jornal não quer atingir de forma negativa as empresas, pois retira a possiblidade de atingir todas as empresas, se restringindo apenas à empresários, excluindo outras pessoas que fazem parte de uma empresa: Auxiliar de limpeza, telemarketing, técnicos de eletrônica, etc. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Análise de duas manchetes que trazem à tona a mesma notícia (opinião pública de alguém sobre política) de forma diferente

Presidente da Companhia das Letras divulga carta em apoio a Haddad
(Exame, 17 de outubro de 2018).

(Companhia das Letras/Divulgação)



Nessa manchete percebemos que o uso do substantivo “presidente” causa um grande impacto, pois o cargo de presidente é avaliado pela sociedade como uma posição poderosa, também percebemos que “presidente” não tem marcação de gênero (-a), logo, não sabemos se “presidente” é feminino ou masculino. Além disso, consta na manchete a empresa pela qual se é presidente “Companhia das Letras”, a qual tem seu valor no mercado. O verbo “divulgar” está no presente, isso nos dá a sensação de que a notícia é recente, acabou de ser divulgada, se estivesse no tempo pretérito perfeito “divulgou” não traria a sensação de algo novo, mas sim, de algo que já passou. E, por fim, o verbo “apoiar” traz um sentido positivo, pois indica que já ouve uma tomada de decisão. Ser uma pessoa decidida é uma característica atribuída como boa pela sociedade.



Bolsonaro é irmã de tempos tenebrosos, diz editor Luiz Schwarcz
(Folha de São Paulo, 16 de outubro de 2018).



Nessa situação observamos que a manchete foi elaborada a partir de informações retiradas do conteúdo da notícia. Essa tática foi usada com a intenção de resgatar o adjetivo “tenebrosos” que chama a atenção do leitor por se tratar de uma palavra que traz um significado negativo – e assustador. Essa manchete chama a atenção para o conteúdo e não para a sua origem (por quem disse). Por isso, Luiz Schwarcz, é mencionado como editor e não como presidente (que tem mais credibilidade e chama mais atenção). Mais uma vez o verbo “dizer” está posto no tempo presente, trazendo a sensação de novidade.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

O que é uma manchete?


A palavra manchete vem o frânces manchette. A manchete é usada para anunciar um babado em forma de título, o qual é feito - geralmente - com letras grandes, com palavras impactantes e sempre está na primeira página do jornal - ou de qualquer outro tipo de veículo de informação. A manchete,  antes mesmo de dar a  notícia, tem como função principal chamar o leitor para aquele conteúdo, para isso usa-se estratégias linguísticas, e algumas delas mostraremos a seguir. Fique com a gente, vamos descobrir como manchetar juntos!

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